Acerca de mim

Amarante, Portugal

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

“Penumbra”

A penumbra da noite alojou-se na minha alma!
O sonho almejado, a cada passo que dou entra cada vez mais num caminho de escuridão. A brutalidade de insistência no que não acredito está a desgostar-me por completo. Sinto o meu corpo a apodrecer, rodeado de cães famintos que unicamente anseiam a carne mutilada pelos corvos.
A indiferença que me transmitem perante o que necessito e defendo destrói-me a alma e corrói-me o corpo. A passividade da situação leva-me a um abismo que não consigo deixar de parar de caminhar sobre ele. Cada vez mais eminente, cada vez mais perto…
A minha consciência já nem consegue estar calada, imune, a tanto silêncio e indiferença. Sinto que não faço parte deste mundo que toda a gente consegue ser feliz com tão pouco, quando só consigo ser feliz com muito.
Mas o que é isso afinal, ser feliz com muito? Nada mais do que ter a fidelidade, compreensão e admiração daqueles que amamos…
Cada vez mais as mutilações psicológicas da alma, que nos derrubam bem mais que o sangue que jorra de uma ferida, estão quase a preencher-me a alma.
Não faço parte de ninguém e ninguém quer fazer parte de mim!

CM
Fevereiro de 2011

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

“Medo”

A intensidade do brilho que ofusca o horizonte nos olhos dela está plena e extremamente incandescente…
Mediante uma realidade inevitável com os pés descalços pelas tempestades da vida, ela consegue simplesmente não se lembrar que tal aconteceu.
Contrariando a rotação da terra e da vida acumula um turbilhão de sentimentos prestes a explodir …
A passagem de uma hora, de um minuto, de um segundo, fá-la não medir barreiras e aumenta-lhe o desejo que a cada milésimo que passa se torna mais insuportável. Insensatez louca que queima por dentro e camufla-se por fora…
A força de desejo e paixão presentes nela, a intensidade de possuí-lo, tê-lo dela, como há tanto tempo almeja e não consegue assumir, dilaceram-lhe as vísceras num clímax incontrolável.
O medo que a percorre e muitas vezes a vence, está sempre presente…!
A vida já lhe fez muitas feridas, ainda muito presentes… O assumir de uma nova entrega deixa-a perdida… O medo de tornar a cair é mais assustador que tudo e não a deixa avançar!
Olhá-lo,
Vê-lo,
Ouvi-lo,
Não lhe chega…

CM
Janeiro 2010

“Respira para viver”

Mil punhais afiados que estilhaçam o meu corpo e penetram cada vez mais uma carne fraca, que silenciosamente jorra sangue…
Ensanguentada, despedaçada e irreconhecível, assim me encontro no meio de uma escuridão que me avassala e me consome as entranhas e devora tudo o que resta do que sou!
Corpo mórbido, encharcado, que insiste em resistir a tamanha violência, e respira…
Respira…
Respira para te contradizer…
Respira para te ignorar…
Respira para te esquecer…
Respira para te mostrar…
Respira para te ver…
Respira para te odiar…
Respira para te dizer que não…
Que não te vê mais…
Que não te ama mais…
Que não te quer mais…
Que não lhe pertences mais…
Que não o magoarás mais…
Respira …
Respira para viver…

CM
Janeiro 2010

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“Manhã de Outono”

As pupilas dilataram e despertaram para mais uma linda e fria manhã de Outono…
Facilmente mais bonita e facilmente mais chamativa…
Numa corrida desenfreada de minúsculo encéfalo, que apressadamente enrola os pensamentos agitados e inquietantes, não consegue deixar o que mais o absorve.
O acordar de uma realidade inquietante e desejada percorre todos os pensamentos e não deixa respirar o frágil coração, que insistentemente rejubila a cada minuto que passa.
Sentimos…
Imaginamos…
Cruzamos barreiras nunca antes perceptíveis ao mundo…
Tenebrenta viagem que nos emerge em vidas separadas e juntas, de uma forma que nos afoga e nos puxa para a profundidade cega do desconhecido.
Imensidão de um mundo que não conseguimos abranger e alcançar, mas do qual não conseguimos desligar…
Sentimentos à flor da pele, que anseiam por repetir uma vez mais uma noite de luar…
Desejos de arrependimento de tão pouco, num querer de muito mais…Desejo que cresce com cada som emitido, cada palavra escrita, cada anseio debitado de parte a parte, numa corrida atrevida que não conseguimos cessar!
Esquecendo tudo aquilo que nos rodeia e tudo o que representamos para os outros, ousamos desejarmo-nos, mais que alguma vez podíamos…
Calcamos lava incandescente debaixo de nossos pés, que nos incendeia os corpos e nos rebate para a imaginação de muito mais…
A apresentação que devia ter terminado ou simplesmente acalmado a flama que nos queimava, simplesmente conseguiu estimular ainda mais o ardor, para provocar uma verdadeira erupção, que ambos sabemos que não há forma de findar.
A realidade diz-nos que tem de terminar aqui e ambos acatamos as consequências.

CM
Novembro 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

“Todos os dias”

Por mais que a vida me afogueie e me diga que não é esse o caminho, que não devo ser tão cândida e tão milagrosamente sincera… Eu insistentemente continuo a ser imaculadamente ignóbil e estulta!

Muitas vezes somos toldados de um nevoeiro que nos cega e nos impede de ver com quem realmente lidamos… A verdade é que nunca conhecemos verdadeiramente uma pessoa, daí a busca incessante desse conhecimento, que nos motiva e nos faz almejar por mais …
É essa busca continuada, que tanto bem nos pode fazer e tão livremente nos faz sonhar, como de repente nos lança num buraco tão profundo, que não conseguimos enxergar o fundo. É assim que aquele ou aquela que idealizamos e tão docemente construímos se desmorona, destruindo sonhos, desejos, anseios e tudo de bom, que numa curta paragem no tempo conseguimos construir.
Somos acordados para uma visão negra e deprimente, que nos corrói o corpo e a alma como um gélido metal que penetra leve e docemente cada entranha dele próprio!
Somos lançados no enregeladíssimo pátio do desalento e da tristeza, abandonado sob um espesso líquido rubro, que escorre naquele espaço vigente e sombrio, próprio de quem está novamente só…
As batidas da calçada do vazio entranhando e ecoando na profundidade de uma cabeça tão ingénua e tão docemente frágil, fazem-se a ouvir a cada milésimo de segundo que friamente somos ignorados/as.
Somos simples transeuntes que acordamos todos os dias ,
Que pisamos o chão todos os dias,
Que comemos todos os dias,
Que bebemos todos os dias,
Que respiramos todos os dias,
Que enfrentamos o mundo, pelo simples facto de viver…
È nesse ideal conjunto de vida de todos nós, que tentamos procurar as diferenças, no que nos torna diferentes dos outros e o que faz com que nos sintamos envolvidos ou identificados com alguém.
Quando somos capazes de encontrar algo parecido, devemos parar e reflectir… Afinal se apareceu no nosso destino alguma razão há-de ter.

É nesta forma de ver o mundo que te vejo. Embora nesta altura não consiga explicar o porquê, tenho a certeza que surgiste para fazer parte da minha vida, não no meu presente, mas sim no meu futuro!

CM
Novembro 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

“Amanhã é outro dia”

Uma noite de luar que ofusca a paisagem e nos acolhe como sua, numa eternidade que consideramos esquecida no tempo… Fazemos parte da lua, a lua faz parte do mundo e o mundo ali é só nosso… Nada mais nos perturba, nada mais nos cativa, no silêncio ensurdecedor que se faz ouvir, no reflexo do teu espelho que nos absorve só a nós.
Espelho de água, que vislumbras no calor gélido da noite, a passagem de dois seres enfeitiçados por uma noite de luar. No aconchego de um espaço, devorando palavras de preceito, saboreamos os rostos, atitudes e deleites de cada um. Num doce e suave olhar de felino observas cada espaço, cada gesto, cada movimento que faço… Que desejas?
Numa vontade inevitável, de um vício maior sou transportada para um perigoso espaço. Tão perigoso e tão despercebido para nós, que não temos consciência do acabamos de fazer. Com uma naturalidade que nos transcende, acedemos a tudo que nos questionamos.
Terrivelmente, como fervorosas facadas que perfuram nossos corpos com um metal frio e pungente, as badaladas do tempo soam aos nossos ouvidos, dilacerando a réstia esperança que transportávamos de que fosse intemporal.
Ainda com mais delicadeza e indiferença da que, quando nos vimos, deixas-me partir, com a sensação de distúrbio no que efectivamente aconteceu…
De volta, numa noite ainda mais negra e toldada, viajo naquela negra faixa que me encaminha até casa.
Não conseguindo com que me esqueça da melodia da tua voz, que insiste em ecoar na minha cabeça…
Não conseguindo com que me esqueça da delicadeza da tua pele, que senti por breves instantes, quando inocente e inconscientemente te toquei…
Não conseguindo com que me esqueça do teu olhar de …
Os anseios vividos e sentidos em cada poro do meu corpo parecem dilatar a cada pensamento emergido, ao invés de sucumbir, com a confrontação do conhecimento.
Subitamente, acordo no silêncio do meu quarto, na consciência do sonho…
Inesperadamente alguém me pergunta se cheguei bem!?...

Queres saber mais? Amanha é outro dia… Quem sabe!

CM
Novembro 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“Amanha conto-te o resto”

No limiar de conhecer o que já irrealmente conheço e tão irremediavelmente adoro, desperto as pupilas que não se fecham há dias no ensejo incandescente desse conhecimento.
A ténue neblina da manhã, esconde o morto despertar de uma manhã calma e afagada de Outono. O doce cheiro a orvalho pela manhã estimula a fina cútis que cobre cada pedacinho do meu corpo, elevando os pensamentos para o que me espera.
As dolorosas horas do dia parecem intermináveis para a busca de uma tão almejada noite.
A ansiedade e o aperto no estômago, como uma criança que tem medo do primeiro dia de escola são cada vez mais patentes a cada milésimo de segundo que passa, a cada pulsação, a cada bater do coração…
Embrenhada já na escura e tenebrosa noite que se abate, não consigo deixar de pensar como a mesma pode vir a terminar. A escuridão e precipício que se abate á minha volta torna-se indiferente perante um desconhecido maior.
O rolar dos rolamentos robustos no alcatrão negro e sombrio daquele caminho, tornam-se sons estridentes no aproximar do fim…
Já não consigo controlar o flagício que me absorve perante o que me aguarda. A aproximação e conhecimento são inevitáveis, já não há como retroceder.
O que tanto cobiçamos finalmente aconteceu… Os nossos corpos, cheiros, olhares e toques trocaram-se e depararam-se. A doce e gélida brisa transpôs-nos os rostos e levou-nos com ela numa subtileza pacífica, numa naturalidade assustadora de conhecimento profundo e alegria desmedida.
O traçado de cada minuto era um gracejo de ambos, com a empatia causada, e o aperceber de que cada palavra antes trocada tinha razão de ser…
A profundidade da noite e a envolvência de tudo, adoçava ainda mais a magnificência daquele ensejo. Esquecendo-me da aragem que enregelava o meu corpo, perdi-me por muitos momentos no teu doce e felino olhar, de uma forma avassaladora de um puro desejo que me queimava cada víscera do meu ser, não conseguindo deixar de beber cada palavra, cada gesto, cada som, que tão deliciosamente debitavas.
A profundidade do momento não me conseguia deixar ver a nitidez dos teus desejos e dos teus anseios. Loucura de uma selvajaria nos doces olhares de felino…
A relevância de uma coisa que mal conhecemos é difícil de explicar e de se perceber, muitas vezes causadores de paragens que não pretendemos na realidade.
A dura realidade de fim de tempo aproximava-se a cada segundo e a dificuldade de ir embora era cada vez maior…
O respirar de cada palavra, o desejo ardente de mais e o tórrido olhar de felino encriptava-me ainda mais…

Amanhã conto-te o resto…

CM
Novembro 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Linda"

Envolta na neblina da noite negra que se abate no horizonte, segues-me e guias-me em mais uma caminhada angustiante e tenebrosa que faço até ao meu cubículo, ao qual tenho a vesânia e respeito de chamar casa.
Imersa numa profundidade de luz sobre o negro das trevas, encandeias as pequenas órbitas cintilantes que brilham no reflexo da tua luz.
Hipnotiza-as e fá-las estimular para um mundo absorvido pelo pensamento de um transeunte que insiste em sonhar que há estrelas no mar e água no céu…
Atenta a cada passo meu, não descolas desse painel pintado no céu, fazendo lembrar uma verdadeira tela saída do imaginário infindável de um qualquer artista.
O cerração que te envolve, torna-te maior e com poder de conseguir alcançar tudo o que te rodeia. A neblina torna-te mais misteriosa e intrigante a quem ousa olhar-te. Parece que inocentemente a rasgas por dentro, entranhando nas suas vísceras o poder da tua luz que imerge através dela.
Farrapos que caem em mim e se colam no meu corpo e derretem como ácido, que se vai infiltrando na epiderme a cada segundo que passa. A pele fervilha e derrete perante tal toque, que se sente impotente com tamanha grandiosidade. Sem conseguir evitar o ácido que fere e corrói o corpo, deixo-me ir…
A luz é cada vez mais intensa e a escuridão que te envolve é cada vez mais dúbia. A negra neblina da noite parece a cada segundo que cessa, mais presente. Sem vontade de lutar, as pequenas células que ainda respiram, são puxadas para a cegueira de tamanha luminosidade.
Com o corpo quase trespassado pelos farrapos e numa forma de subjugação submeto-me a ti, cansada, exausta e vencida, por tamanha impetuosidade … levas-me contigo, mártir da noite, vilão da escuridão.
Tempo depois, ainda existem gotas de sangue que escorrem ali naquele local, onde o meu corpo ficou mórbido e imóvel, sob os pingos da chuva que faz com que esse alimento se espalhe naquela terra infértil, sedenta de apetite…O meu sangue é um deleite para tamanha fome…
Negra neblina da noite que me libertaste e me levaste contigo, apaga esses vestígios visíveis a quem os consegue ver.
Como aço gélido que queima a quem ousa olhá-la desaparece inexplicavelmente, e eu com ela!

CM
Novembro 2009

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